sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mestre Bimba

Manoel dos Reis Machado (23 de Novembro de 1900 - 5 de Fevereiro de 1974), Mestre Bimba foi o criador da Capoeira Regional.

O surgimento da capoeira Regional (Luta Regional Baiana) foi um grande marco na história deste esporte, que moldou a capoeira e a forma como ela é vista hoje pela sociedade. Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, criador desta modalidade, é o responsável pela capoeira ser hoje jogada em mais de 150 países e pela, cada vez mais próxima, profissionalização do mestre de capoeira.

Mestre Bimba começou sua carreira aos 12 anos de idade, jogando capoeira Angola, a mesma que ele ensinou por 10 anos. Durante o período em que a capoeira, e qualquer outra manifestação da cultura negra, era proibida, mestre Bimba conseguiu, junto com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, manter aberta a primeira academia reconhecida de capoeira.

A historia da capoeira Regional se inicia quando Mestre Bimba, na década de 30, percebe que a capoeira estava perto de sucumbir diante de sua proibição e pela entrada e assimilação das lutas estrangeira, cada vez mais presentes no Brasil. Diante de tal situação, mestre Bimba começa a procurar um meio de modernizar essa luta, sem contudo perder suas tradições, pois mesmo iletrado Mestre Bimba tem a consciência que, como ele mesmo falou ao presidente Getúlio Vargasanos depois, a capoeira é a única luta verdadeiramente nacional.

Mestre Bimba então desenvolve novos golpes misturando a capoeira Angola com o batuque, uma outra luta popular baiana, focando sua eficiência no bloqueio para ela se tornar mais competitiva e poder ser usada contra outras modalidades de artes marcais. Retira da roda regional a maior parte da ritualidade presente na roda de capoeira Angola. Coloca um ritmo mais rápido para dar um caráter mais dinâmico e implementa fatores estritamente didáticos a fim de formar alunos e mestres para que sua arte se propague. É seu também o crédito por hoje o berimbau ser o símbolo máximo da prática, já que antes, nas rodas de angola, também era admitido o uso da viola. Contudo por sua praticidade tanto de confecção quanto de manejo, o berimbau encontrou seu lugar nas rodas de capoeira regional sendo aos poucos preferido nas rodas de angola também.

Em 1932 Mestre Bimba consegue de fato a liberação da prática da capoeira, e junto com ela a liberdade de todas as outras formas de manifestação da cultura negra. Neste mesmo ano é fundada sua primeira academia, a primeira especializada em capoeira a ter um alvará de funcionamento.

Mestre Bimba sempre afirmou que o maior diferencial da capoeira Regional era a sua seqüência de ensino onde ele passava ao calouro os movimentos básicos para a prática da capoeira e também incutia a noção de parceria, de autoconfiança, de esquiva, etc. Após o calouro ter aprendido esses movimentos básicos ele então poderia ser aceito ou não pela congregação dos capoeiras pelo “batismo”, onde ele receberia seu apelido e sua primeira graduação, um lenço azul, representando o aluno formado que era seguido pelo lenço vermelho, para o aluno formado e especializado; pelo lenço amarelo, para os alunos que passaram pelo curso de armas; e finalmente pelo lenço branco que era designado apenas para os mestres. Este sistema de graduação também foi invenção de Bimba e fazia parte do seu sistema de ensino.

Logo após a primeira graduação, ou batismo, Mestre Bimba então iniciava os ensinos mais avançados como as técnicas de floreio, as seqüências de defesa pessoal, e muitas outras levando a considerar o aprendizado da capoeira infinito, já que como ele mesmo falava, o golpes básicos da capoeira são 7, e desses 7 mais sete podem ser feitos e assim por diante, sendo que qualquer movimento do corpo é aceito dentro de uma roda, desde que ele seja regido pelo som do berimbau e mantenha o ritmo da ginga.

Em 1946 foi feita a primeira exibição pública de capoeira como uma apresentação folclórica brasileira, depois dessa primeira experiência ter se mostrado monetariamente interessante, Mestre Bimba começou a fazê-la com dias e horários marcados, propondo algo antes inimaginável para qualquer jogador de capoeira: ganhar dinheiro de forma honesta com a sua arte.

Se estivesse vivo hoje Mestre Bimba teria 103 anos e apesar de tanto ter feito pela capoeira, seu filho, mestre Formiga, afirma que seu pai morreu de “tristeza por não ver a capoeira ser respeitada”. O professor Muniz Sodré, autor do livro “Mestre Bimba – corpo de mandinga”, mostra que sua agonia começou ao perceber seu trabalho sendo varrido pelo regime dos generais instalado em 1964, quando então ele seu muda para Goiânia, local onde veio a falecer uma década depois.

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